Sou a terceira filha que meus pais
tiveram juntos, o meu pai tem outros filhos de casamentos passados. Eu e minhas
irmãs tivemos uma educação machista, onde saias curtas, saídas pra casa de
colegas, discordar do meu pai, corta o cabelo, entre outras coisas, eram
proibidas. A minha mãe não partilhava destas ideias e tentava da maneira que podia
nos proteger, mas não fazia muito, pois fora educada a nunca desobedecer a seu
futuro marido.
Quando era criança não percebia o
preconceito nessas questões impostas pelo meu pai. Pensava que ele estava com a
razão e aceitava, mas fui crescendo e percebendo o machismo na fala dele, o
jeito que sempre tentava nos diminuir, a forma como ele queria que nós o tratássemos
como o rei da casa e comecei a questionar, fui repreendida e apanhei várias
vezes. Ele entendia meus questionamentos como um confronto direto, porém, esta
era uma forma que tinha de tentar entender todos estes desmandos ao meu redor.
Também apanha por tentar defender a minha
mãe, infelizmente, ela nunca teve liberdade para fazer o que queria, mas não
reagia, o que me deixava indignada e eu brigava com os dois. Minha irmã
descobriu-se homossexual e pela educação machista que recebi, afastei-me dela.
Eu a amava muito e na minha adolescência comecei a estudar sozinha sobre as
questões de gênero e foi estudando que descobrir o feminismo. Um mundo de
possibilidades se abriu na minha frente, descobrir pessoas que pensavam como eu
e concretizei o machismo na educação que recebi.
Após várias brigas familiares parei de
brigar com painho, me calei diante de suas afirmativas errôneas, ingressei na
universidade, estou cursando Ciências Sociais e os meus estudos me deram
autonomia pra sair de casa. Sou feminista e minhas pesquisas são voltadas para
as questões de gênero, participo de um coletivo GLBT e coletivos de mulheres.
Fará dois anos que sair de casa, paramos as brigas, minha mãe se separou e vive
muito feliz. Hoje a nossa relação é boa, ajudo ele no que precisar, vou cuidar
sempre dele, pois o amo muito. O que me dói é saber que esta lacuna que o
preconceito fez entre nós dois jamais possibilitará que tenhamos uma relação de
cumplicidade ou de amizade.
Sei que tem meninas por aí que estão
passando pelo que passei, recebendo uma educação machista e autoritária, onde a
desigualdade é provada dia a dia dentro de sua própria casa. Sufocadas, sofrem!
O que tenho a dizer pra elas: Força, meninas! Estudem, estudem e conquistem o
mundo de vocês. O que tenho a dizer ao Mascus que pretendem ofertar uma educação
machista a suas filhas: Queridos, quanto mais machismo tiver, mais feministas
suas filhas serão. Elas se tornaram as feministas mais estudiosas e mais
determinadas que vocês poderiam conhecer.
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| Avante movimento feminista! |



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