terça-feira, 22 de janeiro de 2013

As voltas do coração.

Tu tu tu tu.. O telefone tocava e Thayná estava apreensiva, afinal, era a quinta vez que tentava ligar para Bruno e ele não atendia. Já sem esperanças ouviu uma voz do outro lado que disse:

- Alô. 
- Onde você estava? Ela disse.



- Ocupado. Bruno respondeu.


- Vamos sair hoje à noite? Thayná propôs. 


- Estarei ocupado. Ele friamente respondeu.


Ela não tendo mais o que falar, desejou boa noite com muito afeto e ele friamente desligou. Thayná sabia que o relacionamento estava acabando, que Bruno não tinha maturidade e caráter suficiente para terminar o namoro, mas presumiu que não havia mais sentimentos por parte dele e torceu para estar errada. No outro dia, na chegada para academia veio à confirmação, Bruno já estava interessado em outra mulher. Não conseguindo malhar, Thayná foi pra casa, perdeu aula e chorou durante o restante da noite.


Ela era uma menina-mulher comum, estava com 21 anos, tinha o cabelo loiro (tingido), cursava História numa faculdade particular, onde tinha conseguido bolsa por intermédio do Enem. Estudava, pois adora e aquele era a forma de dar orgulho aos seus pais e não tinha outra coisa que a deixava mais feliz do que vê-los felizes. Conheceu Bruno na academia e tinha cinco meses de namoro, achava que tudo ia bem, mas o moço (23 anos) não manifestava sentimentos. Ela de inicio, até achava charmoso este lado fechado do rapaz, mas com o tempo esta situação tornou-se angustiante. Ficou bastante triste com o fim. 


Para fugir da tristeza começou a estudar mais do que costumava fazer, mudou de academia e saia menos com amigos. Levava uma vida sossegada, adorava estar com a família e antes de acontecer a decepção com Bruno, sonhava em possuir um amor como nos contos de fadas, no entanto, não foi o que aconteceu e ela desistiu desse sonho, desistindo também de ter um novo namoro, pelo menos por enquanto. Agora ela só queria trabalhar e estudar para que a imagem do príncipe encantado pudesse se apagada da mente e do coração. Demorou de reconhecer o fim, mas agora que chegou, ela rasgou as fotos, apagou-as da rede social e evitava frequentar o mesmo ambiente em que Bruno poderia estar.


Após algumas semanas sem sair, foi convencida por sua amiga Gabi e foi numa boate. Foi legal rever os amigos, beber, rir e dançar. Na pista avistou um rapaz com características físicas parecidas com as de Bruno, alto, moreno e musculoso, eles se paqueraram, ele chegou nela e ficaram. Resolveram sair para um lugar mais reservado e foram para um motel, ele se chamava Diego, tinha 27 anos e trabalhava na empresa do pai, pra ela, Diego era um encanto de rapaz, gostou do beijo e do sexo. A noite fora incrível, ao deixa-la em casa ele pediu o número do celular, ela forneceu, só que não pediu o do rapaz de volta. Ele não ligou no outro dia, parece clichê isso: os homens nunca ligam no outro dia, mas Thayná não estava esperando mesmo. Na sexta-feira à noite, enquanto ela estava na aula viu o celular vibrando, era ele, não saiu para atender. A aula terminou, enquanto conversava com Gabi na porta da faculdade, o celular tocou de novo, era ele e atendeu. Diego propôs uma saída, porém, ela não aceitou e desligou. Gabi ficou até assustada com a reação e frieza da amiga, em outros tempos já estaria apaixonadíssima pelo rapaz e diria sim.


Thayná começou a trabalhar de garçonete na sorveteria do seu tio, para ajudar nas despesas de casa e da faculdade, que apesar de ter uma bolsa, ainda tinha as despesas com Xerox, livros e passagem de ônibus. A sorveteria era num ponto estratégico, ficava no Centro e próximo a um bairro estudantil, que tinha as melhores escolas da cidade, bem como faculdades, inclusive a que ela estudava. O expediente começava às nove horas da manhã e ia até às dezessete horas da tarde. O pico era às dez horas da manhã e às catorze da tarde, pois era o horário de intervalo das escolas e os jovens iam até lá. Estava gostando de trabalhar por lá. Recebia inúmeras cantadas dos adolescentes e achava divertido.



Numa tarde, um jovem magro, branco, cabelo liso, usava um boné tipo hip hop, com um skate numa mão, cabisbaixo foi na sorveteria. Fez o pedido sério e tomou o sorvete, mantinha a cabeça baixa e Thayná ficou curiosa por isso. Alguns dias se passaram, ele voltou e antes de fazer o pedido, pediu a sugestão de Thayná, ela deu e ele tomou um sorvete de chocolate com menta. Ele continuava tímido, ia sempre por lá e a única comunicação que eles tinham era através do pedido, além de conversavam com as trocas de olhares. O semestre estava terminando e o público estava diminuindo, ele chegou à sorveteria, fez o pedido, sentou-se numa mesa, lia uma revista em quadrinhos e tomava o sorvete. Thayná chegou mais perto, o movimento na sorveteria estava fraco e apenas ela estava na administração, perguntou se poderia sentar-se, ele fez que sim devagarzinho com a cabeça, sentou-se e questionou-o sobre a revista, eles conversaram um pouco, todavia, ele tinha que voltar para a aula. Que na verdade não era aula, era um reforço, pois estava em recuperação em matemática, ela sorriu e disse que passou pela mesma situação. Apresentaram-se rapidamente, ele se chamava Alisson e prometeu voltar no outro dia.


Voltou com mais tempo, neste dia não teria aula e conversaram durante muito, os dois tinham tempo, ela sem movimento na sorveteria e ele sem aula. Conversaram sobre várias coisas da vida, Thayná ficou admirada com a inteligência de um menino de 17 anos, ele conhecia ou queria conhecer muita coisa e ela percebia nele a volta do sonho de ter um grande amor. Para tanto, as coisas não eram tão perceptíveis assim, ela tinha um grande preconceito pela idade dele e no que estamos falando? Eles nem pretendiam ficar, ainda! Durante uma semana, nos dias da aula de reforço ele parecia por lá e conversavam. Até que Alisson ficou de férias, então, eles combinaram por meio de celular em ir assistir um filme com o super herói que contracenava no quadrinho do dia da primeira conversa.


Saíram, ficaram, se beijaram e sem perceber ou sem querer perceber, Thayná estava se apaixonado por aquele jovem-rapaz. Ficaram durante as férias, ela relembrou seus tempos de adolescência indo namorar no cinema, jogando videogame e tomando sorvete, ele aprendeu várias coisas com ela, como por exemplo, a pensar antes dos atos, a conhecer História da arte e a fazer sexo. As coisas aconteciam com bastante naturalidade e apesar dos conselhos dados a Alisson, Thayná não estava pensando no que estava acontecendo entre os dois, por um lado era bom, pois vivia o presente sem fazer planos e consecutivamente, sem frustrações. 


Sem perceberem, com as frequentes saídas, conversas no celular e na internet começaram a ter um relacionamento mais sério. As coisas estavam acontecendo naturalmente, sem cobrança ou idealização de sonhos. É claro que as dificuldades apareciam muitas relacionadas a diferença de idade, mas o que Thayná não sabia é que Alisson que era o professor da relação.


Antes dele, ela estava muito frustrada por causa do conto de fadas que havia acabado, coração fechado. Depois dele, ela aprendeu que não é porque o relacionamento não deu certo com uma pessoa que não dará com outra e que o amor não é uma soma matemática, onde um mais um é igual a dois, onde as coisas são previsíveis e programadas, o amor é coisa simples e natural que ocorrem quando duas pessoas estão conectadas na mesma vibração espiritual, onde dois seres se encontram para ter um ao outro como parceiro nesta vida terrena difícil e complicada. O que seria do amor a não ser o companheirismo?


O amor é como uma brisa fresca que vem nos dias quentes, se você não se expuser no meio ambiente ele não vai encontra-lo. Se você não estiver a fim de revelar os teus melhores sentimentos para outra pessoa, não serás digno de tê-lo. Não há regra para ser agraciado com tal dádiva, basta apenas abrir o coração. Ame muito, ame a si mesmo, ame aqueles que Deus colocou na sua vida para serem teus parentes, pares e companheiros. Ame muito e acima de tudo! Afinal, do que seria a vida se não houvesse o amor? Por outro lado, o amor sobrevive à morte. 


O sentimento que une as pessoas de diferentes tribos, lugares e forma de pensar é o amor, ele se expressa de maneira tão rara e digna que você precisa aprender várias lições antes de tê-lo, ou aprender tendo-o. Um egoísta não ama nada a não ser a si próprio e nunca será agraciado com o poder de amar, pois para possuí-lo é preciso ter grandeza na alma a ponto de abrir mão de algumas necessidades para satisfazer as necessidades de quem esta ao seu lado. 




"Vem para que eu possa recuperar sorrisos… para que meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida.
Porque nada mais sou além de chamar você agora, porque tenho medo e estou sozinho." (Caio F. Abreu)


Nota: sonhei com a história de Thayná no dia 20 de dezembro de 2012, não teve final, graças a Deus, no sonho. Então, coloquei alguns pensamentos meus na conclusão.

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