291. Além da simpatia geral, oriunda da semelhança que entre
eles exista, votam-se os Espíritos recíprocas afeições particulares?
"Do mesmo modo que os homens, sendo, porém, que mais forte é o laço que
prende os Espíritos uns aos outros, quando carentes de corpo material, porque
então esse laço não se acha exposto às vicissitudes das paixões".
297. Continua a existir sempre, no mundo dos Espíritos, a afeição mútua que
dois seres se consagraram na Terra?
"Sem dúvida, desde que originada de verdadeira simpatia. Se, porém, nasceu
principalmente de causas de ordem física, desaparece com a causa. As afeições
entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na Terra, porque não se
acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do
amor-próprio".
298. As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa
união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que
fatalmente um dia reunirá?
"Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a
de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam,
isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto
mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia
resulta a completa felicidade".
299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos
se servem para designar os Espíritos simpáticos?
"A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade do outro, separados
os dois, estariam ambos incompletos".
300. Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos
para todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros Espíritos?
"Todos os Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a
perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um Espírito se eleva, já não
simpatiza, como dantes, com os que lhe ficaram abaixo".
301. Dois Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre
eles existente é resultado de identidade perfeita?
"A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita
concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro,
perderia a sua individualidade".
302. A identidade necessária à existência da simpatia perfeita apenas consiste
na analogia dos pensamentos e sentimentos, ou também na uniformidade dos
conhecimentos adquiridos?
"Na igualdade dos graus da elevação".
303. Podem tornar-se de futuro simpáticos, Espíritos que presentemente não o são?
"Todos o serão. Um Espírito, que hoje está numa esfera inferior,
ascenderá, aperfeiçoando-se, à em que se acha tal outro Espírito. E ainda mais
depressa se dará o encontro dos dois, se o mais elevado, por suportar mal as
provas a que esteja submetido, permanecer estacionário".
a) - Podem deixar de ser simpáticos um ao outro dois Espíritos que já o sejam "Certamente,
se um deles for preguiçoso".
Nota (de Kardec) - "A teoria das metades eternas encerra uma simples
figura, representativa da união de dois Espíritos simpáticos. Trata-se de uma
expressão usada até na linguagem vulgar e que se não deve tomar ao pé da letra.
Não pertencem decerto a uma ordem elevada os Espíritos que a empregaram (no
sentido de metades eternas - grifo nosso). Necessariamente, limitado sendo o
campo de suas idéias, exprimiram seus pensamentos com os termos de que se
teriam utilizado na vida corporal. Não se deve, pois, aceitar a idéia de que,
criados um para o outro, dois Espíritos tenham, fatalmente, que se reunir um
dia na eternidade, depois de haverem estado separados por tempo mais ou menos
longo".
Simpatia e antipatia terrenas
386. Podem dos seres, que se conheceram e estimaram, encontrar-se noutra
existência corporal e reconhecer-se?
"Reconhecer-se, não. Podem, porém, sentir-se atraídos um para o outro. E,
freqüentemente, diversa não é a causa de íntimas ligações fundadas em sincera
afeição. Um do outro dois seres se aproximam devido a circunstâncias
aparentemente fortuitas, mas que na realidade resultam da atração de dois
Espíritos, que se buscam reciprocamente por entre a multidão".
a) - Não lhes seria agradável reconhecerem-se?
"Nem sempre. A recordação das passadas existências teria inconvenientes
maiores do que imaginais. Depois de mortos, reconhecer-se-ão e saberão que
tempo passaram juntos".
Fonte: O Livro dos Espíritos, de Alan Kardec.
"Há bastante deslealdade, ódio, violência, absurdo no ser humano comum para suprir qualquer exército em qualquer dia. E o melhor no assassinato são aqueles que pregam contra ele. E o melhor no ódio são aqueles que pregam amor, e o melhor na guerra, são aqueles que pregam a paz. Aqueles que pregam Deus precisam de Deus, aqueles que pregam paz não têm paz, aqueles que pregam amor não têm amor. Cuidado com os pregadores, cuidado com os sabedores. Cuidado com aqueles que estão sempre lendo livros. Cuidado com aqueles que detestam pobreza ou que são orgulhosos dela. Cuidado com aqueles que elogiam fácil, porque eles precisam de elogios de volta. Cuidado com aqueles que censuram fácil, eles têm medo daquilo que não conhecem. Cuidado com aqueles que procuram constantes multidões, eles não são nada sozinhos. Cuidado com o homem comum, com a mulher comum, cuidado com o amor deles. O amor deles é comum, procura o comum, mas há genialidade em seu ódio, há bastante genialidade em seu ódio para matar você, para matar qualquer um. Sem esperar solidão, sem entender solidão eles tentarão destruir qualquer coisa que seja diferente deles mesmos."
Charles Bukowski